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As políticas neoliberais e neoconservadoras no campo educacional têm sido objeto de inúmeras pesquisas e publicações desde o final da década de 1990. Atualmente, reconhece-se que estas políticas constituem um fator central na transformação das instituições escolares e universitárias em todas as suas dimensões: finalidade, organização, relações sociais internas, ligações com atores externos, currículo, significado da educação para os diferentes atores, etc. Assistimos contemporaneamente, depois de um período de governos progressistas, pelo menos na América Latina, à (re)instituição de um contexto geopolítico que parece questionar certas hipóteses destas investigações. Esta nova realidade sociopolítica é marcada pelo fortalecimento da extrema direita global e pela crescente imposição da sua agenda ideológica no campo escolar e universitário. O atual crescimento do extremismo de direita e do radicalismo na Europa e, especificamente na Argentina e no Brasil, parece, com os seus nacionalismos agressivos e ataques contra as liberdades individuais e públicas, marginalizar – ou mesmo substituir – a hegemonia do neoliberalismo como “uma lógica normativa” geral. O objetivo é o estabelecimento de uma sociedade fundada na norma da concorrência e no modelo empresarial. As formas que essas estratégias assumem hoje exigem, portanto, novas pesquisas sobre a restituição de sujeitos educacionais, novas metodologias que potencializem o direito à educação na região e perspectivas que possam disputar os sentidos do público no contexto da investigação socioeducativa local. Nesse contexto é que propomos neste artigo refletir sobre essas interrogações e dificuldades que aparecem nas pesquisas narrativas e autobiográficas sobre políticas educacionais e escolas públicas a partir do trabalho que temos realizado entre o Grupo de Pesquisa Educação e Estudos Culturais (GIIEC) da UNMdP, Argentina, e o Grupo de Pesquisa Formação de Professores, Políticas Públicas e Espaço Escolar (GPFOPE) da UNESP, Brasil. Partilharemos algumas dimensões conceituais, epistémicas e metodológicas que potencializam e/ou dificultam a investigação das políticas educativas em ambos os países, acreditando que a sua visibilidade e reflexão contribuem para o direito à educação, apostando em indagações com rosto humano e que disputem o sentido do público a partir das vozes e experiências biográficas dos sujeitos educativos.