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O presente estudo dedica um olhar atento ao Nuevo Cine Argentino de primeira década dos anos 2000, no que tange a formas de vida (associadas a um conjunto de conteúdos axiológicos e sensíveis) dadas pelas interações coletivas (o viver junto). A partir dos filmes de Pablo Trapero: El bonaerense (2002) e Leonera (2008), articulam-se reflexões atinentes aos operadores de transformações éticas, em que o cárcere (tanto do lado que zela pela lei, quanto daquele que a subverte) entrelaça estética e ética, de acordo com as apropriações físicas e afetivas do sujeito que em prol de uma suposta ordem coletiva tem sua subjetividade aprisionada. Desse modo, consideramos os filmes de Pablo Trapero, em que a instituição policial – policialesca – se faz soberana, como campo do sintoma, metonímia e metáfora da sociedade argentina, marcada por rastros e restos ditatoriais e políticas neoliberais, que dificultam e sabotam saídas, escapatórias e rupturas, minimizando oportunidades do devir e impondo sempre um valor de troca, solicitando a obediência em prol de uma certa ‘liberdade’: a mão de obra trabalhadora pela inclusão social, assegurando, assim, por meio das relações da boa vizinhança, a opressão do estado. A partir de tal perspectiva, propomos investigar como se configuram e reconfiguram-se as prisões físicas e afetivas nos filmes em análise, assim como se organizam as apropriações do espaço estético ou o enrijecimento das paisagens anestésicas nos enquadramentos de um cinema argentino marcado pelo passado próximo e suas consequências presentes.

Nuevo Cine Argentino; Pablo Trapero; estética e ética; políticas da clausura.